Lembro-me de um post da Fer sobre a omelete de madame Poulard que considerei fantástico. Nele, Fer transcreve a receita da famosa omelete acentuando sua escrita única.
“Aqui está a receita da omelete. Eu quebro uns bons ovos numa vasilha. Eu bato esses ovos bem batido. Eu coloco um bom pedaço de manteiga numa frigideira. Eu jogo os ovos nela e chacoalho constantemente. Eu fico feliz, mounsieur, se essa receita lhe agradar.”
Me lembro de que ao ler este trecho destacado ter pensado – “é isso si, tudo é uma questão de narrativa”. Como estudiosas de literatura que sou, não pude deixar de me encantar com o fato de que até mesmo numa receita (que é, como o próprio nome sugere, uma narrativa objetiva) há um número de x de opções que impõem a presença de um “eu” que se manifesta e que faz com que cada receita seja uma peça literária. E nisso há “receitas e receitas”, “cozinheiras e cozinheiras” e muitas escritoras (e escritores) de mão cheia. Basta lembrarmos de Elizabeth David ou de M.Fisher. Basta darmos uma volta nesse pequeno universo dos blogs culinários para termos a confirmação disso.
Bom, tudo isso para dizer que ontem, quando li o post da Tami elencando os soufflês preparados por ocasião do Hay Hay It's Donna Day fiquei sem saber se deveria entender a descrição do meu soufflê positivamente ou não.
“Lara of Ratatouille in Rio works her way around the no-peeking rule with her light and delicious Souffle of Passion Fruit.”
É claro que esbarrei com a questão da língua e confesso que não tive a sensibilidade de entender se havia de fato um tom irônico no texto, ou não. (Dúvida reforçada pela escolha da foto). Depois de ficar um bom tempo batutando sobre o assunto, resolvi não gastar nem mais 1 neurônio com isto (o que me fez escrever este post) e deletar essa questão da minha cabeça. Não sem antes invocar Madame Poulard, não pelo brilhantismo de sua escrita, mas pela certeza de que há lugar para todo e qualquer tipo de narrativa na cozinha. Assim como na vida.
Ah! E por falar nisso, me encantei com a receita de soufflê de aveia – acho que vou prepará-la hoje. E se calhar (para usar uma expressão dos portugueses) participarei de muitos Donna’s Day na vida.
Buon appétit !
“Aqui está a receita da omelete. Eu quebro uns bons ovos numa vasilha. Eu bato esses ovos bem batido. Eu coloco um bom pedaço de manteiga numa frigideira. Eu jogo os ovos nela e chacoalho constantemente. Eu fico feliz, mounsieur, se essa receita lhe agradar.”
Me lembro de que ao ler este trecho destacado ter pensado – “é isso si, tudo é uma questão de narrativa”. Como estudiosas de literatura que sou, não pude deixar de me encantar com o fato de que até mesmo numa receita (que é, como o próprio nome sugere, uma narrativa objetiva) há um número de x de opções que impõem a presença de um “eu” que se manifesta e que faz com que cada receita seja uma peça literária. E nisso há “receitas e receitas”, “cozinheiras e cozinheiras” e muitas escritoras (e escritores) de mão cheia. Basta lembrarmos de Elizabeth David ou de M.Fisher. Basta darmos uma volta nesse pequeno universo dos blogs culinários para termos a confirmação disso.
Bom, tudo isso para dizer que ontem, quando li o post da Tami elencando os soufflês preparados por ocasião do Hay Hay It's Donna Day fiquei sem saber se deveria entender a descrição do meu soufflê positivamente ou não.
“Lara of Ratatouille in Rio works her way around the no-peeking rule with her light and delicious Souffle of Passion Fruit.”
É claro que esbarrei com a questão da língua e confesso que não tive a sensibilidade de entender se havia de fato um tom irônico no texto, ou não. (Dúvida reforçada pela escolha da foto). Depois de ficar um bom tempo batutando sobre o assunto, resolvi não gastar nem mais 1 neurônio com isto (o que me fez escrever este post) e deletar essa questão da minha cabeça. Não sem antes invocar Madame Poulard, não pelo brilhantismo de sua escrita, mas pela certeza de que há lugar para todo e qualquer tipo de narrativa na cozinha. Assim como na vida.
Ah! E por falar nisso, me encantei com a receita de soufflê de aveia – acho que vou prepará-la hoje. E se calhar (para usar uma expressão dos portugueses) participarei de muitos Donna’s Day na vida.
Buon appétit !
2 comentários:
Lara, concordo mil por cento com isso! ha lugar para todos - os que escrevem bem, os que cozinham bem, os que gostam de comer bem. beijao! :-)
Lara, que delícia de leitura. Achei o tom humourous. Brincou com o fato de que nao se abre a porta do forno ate que o suffle esteja pronto (caso contrario afunda) e de voce ter 'contornado 'isso pela porta de vidro que te deixou have a peek.; o )
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