29 setembro, 2006

Convite

Confesso que fiquei bastante orgulhosa de ter sido convidada a responder esta “corrente”. Vamos lá, tentarei me descrever em seis tópicos:

- Amo culinária italiana e tenho bastante orgulho de ter sangue siciliano nas veias. Nada no mundo me apetece mais do que um prato de spaghetti al sugo – com uma ou mais fatias de pão italiano e lascas do verdadeiro parmeggiano reggiano.

- Como puderam perceber sou altamente gulosa – o que me leva evidentemente a ter problemas com a balança. Eternamente... Mas a boa notícia é que acabo de perder 21 kilos e estou me sentindo ótima.

- Amo fazer origami, ler e cozinhar. Na verdade, poderia passar a vida inteira a me dividir entre estas coisas.

- A coisa que mais gosto no mundo é ficar em casa com meus filhos e não troco nada no mundo por isso. Na verdade, sempre tive uma tendência a ser caseira. Com o nascimento das crianças isso intensificou-se e luto diariamente contra a vontade de ficar em casa com eles. Afinal de contas adoro também o meu trabalho.

- Tenho um “lado b” exacerbado – o que me faz adorar seriados americanos, romances policiais e, de vez em quando, comer fast food em frente a TV. Adoro pipoca e amo sorvete.

- Adoraria ser mais zen e um pouco menos exagerada ... mas não consigo.

Erros e acertos

A aula de ontem correu com erros e acertos, e principalmente com muitos aprendizados, que é assim que se aprende ... cozinhando e errando. Começamos com uma salada de beterrabas e rúcula do Jamie Olivier. Esta estava ótima. O prato principal foi uma receita do Claude Troisgois Filete de cherne, banana caramelizada e manteiga noisette de corintos. Também estava ótimo, apesar da minha dificuldade em fazer pratos de peixe – sempre acho que o peixe deve ser temperado com um pouco de limão, apesar de saber que isto altera seu sabor. Mas ... prefiro assim. E, finalmente, a sobremesa que não deu certo – esta também do Jamie – espetinhos de morangos caramelados com creme de mascarpone. Como não deu certo o espetinho, fiz uma calda quente com os morangos, para acompanhar o creme. Já o creme, por sua vez, não ficou muito bom – acho que apenas uma questão de proporções, limoncello demais. O creme ficou tão forte que não dava para comer.

Salada de Rúcula com Beterrabas



Folhas de rúculas
Beterrabas em cubos grandes, cozidas na água e sal
Creme fresco
Vinagre de vinho tinto
Sal e pimenta
Bresaola
Lascas de parmeggiano reggiano
Azeite extra virgem

Após o cozimento das beterrabas, depositá-las num bowl e temperá-las ainda quente. Regue com o creme fresco, o vinagre e tempere com sal e pimenta. Esta mistura será colocada delicadamente sobre o leito de rúculas. Espalhe as fatias de bresaola sobre a salada, salpique com o parmesão e regue generosamente com o azeite. Delícia!

Filete de cherne, banana caramelizada e manteiga noisette de corintos



4 filés de cherne
sal e pimenta
4 bananas cortadas longitudinalmente
manteiga
azeite
Frite as banas delicadamente na manteiga. Reserve. Tempere o peixe com sal e pimenta e frite-o no azeite.

Molho

200 gr de manteiga
1 limão
1 c s de shoyu
120 gr de passas
½ cebola picadinha
1 alho picadinho
1 c de café de colorau
coentros
sal e pimenta.

Numa panela derreta a manteiga até esta ficar bem marrom. Junte as cebolas e o alho, deixe refogar por dois minutos. Adicione o limão, as passas, o shoyu, o colorau e a pimenta. Junte os coentros e desligue o fogo.

Sirva as bananas no meio do prato, regue com o molho de manteiga e disponha o cherne por cima.
Ficou muito bom e a manteiga ficaria perfeita com rosbife, por exemplo.

Creme de Mascarpone




Misture 1 pote de mascarpone (500 gr) com ½ xícara de açúcar e 1 taça de limoncello (eu poria apenas duas colheres de sopa). Misture tudo muito bem e acrescente raspas de limão e alecrim picadinho. Leve para gelar.
Faça a calda com os morangos fatiados, açúcar e uma pontinha de manteiga. Sirva quente sobre o creme gelado.

20 setembro, 2006

Receita nova

A aula de ontem foi ótima ! E isso porque tivemos uma agradável surpresa com uma receita nova – uma tarte tatin de tomate. Isso mesmo, uma receita que descobri por acaso numa simpática revista portuguesa chamada Blue Cooking. Para acompanhá-la uma deliciosa receita do Celeiro – Conchigliette ao pesto de rúcula. Jantar delicioso.

Conchigliette ao pesto de rúcula

Para o pesto

No liquidificador:

100g de rúcula
¼ x de água
1 c s de azeite
1 c s de vinagre de vinho tinto

Num bowl, misture este creme de rúcula com:

2 c s de queijo ralado
¼ de xícara de maionese
1 c c de sal

Para a salada:

250 g de conchigliette cozido e resfriado
150 g de tomates secos cortado em Juliana
1 caixa de muzzarela de búfala em cubinhos
o pesto
algumas folhas de rúcula inteiras
1 punhado de nozes pecan assadas e picadas grosseiramente


Tarte tatin de tomates



Numa frigideira que possa ir também ao forno, prepare um caramelo com 1 c s de manteiga e 2 c s de açúcar. Quando pronto, acrescente 1 cálice de vinagre balsâmico. Desligue o fogo. Sobre este preparado, deposite rodelas de tomates sem semente, formando uma espécie de leito, preenchendo toda a extensão da frigideira. Salpique sal, pimenta do reino e orégano o quanto baste. Cubra-os com massa folheada, fechando bem as laterais. Leve ao forno até assar. Desenforme e sirva.
Fica excelente com mostarda dijon.

18 setembro, 2006

Sonho de biblioteca ou biblioteca dos sonhos?


"Como suas irmãs de madeira e papel, nem todas as bibliotecas são feitas apenas de livros. (...) Pinóquio, no capítulo XIX do romance de Collodi, tenta imaginar o que faria se tivesse cem belas moedas e fosse um cavaleiro rico, e então deseja ter um palácio com uma biblioteca "repleta de confeitos, bolos, panetones, biscoitos de amêndoa e sonhos rechedaos de creme".

Alberto Manguel, A Biblioteca à noite, Cia das Letras, 2006.

12 setembro, 2006

Ilustrações

Todos sabem da minha paixão por livros infantis. Não apenas as histórias me comovem mas, sobretudo, as ilustrações. Quando são ilustrações de culinária ... Essas eu descolei numa pesquisa de sobre vintage cookbook.












Volta às aulas

Ontem retomamos nossas aulas de culinária. Foi ótimo. Escolhemos duas receitas do primeiro livro de receitas do Celeiro. A de Quiche, seguimos rigorosamente a receita e a da salada apenas substituímos as tâmaras secas da receita original, por uma mistura de damascos e passas. Para quem não conhece este livro, eu o considero um achado, um daqueles livros que definitivamente são feitos para ensinar a receita como ela realmente é. E nada mais gostoso do que fazer um prato que você sabe que vai dar certo e que o gosto é o mesmo de quando comemos do restaurante. Vale a pena o investimento. Como ainda estou em recuperação e fico rapidamente cansada, resolvemos não fazer a sobremesa. Mas... como já tinha feito um gostoso e rápido bolo de chocolate à tarde, vou postar a receita dele também.

Quiche de Queijo Minas

Massa

2 xícaras de farinha de trigo
150 gramas de manteiga gelada cortada em cubinhos
1 cc de sal
2 a 4 colheres de sopa de água gelada

Misture a farinha com o sal. Acrescente a manteiga em cubinhos e, com o auxílio de um garfo, a transforme numa farofa grossa. Junte aos poucos a água, apenas para dar liga a massa. Forme uma bola, embale em plástico e deixe descansar na geladeira por uma hora.

Recheio

40 gramas de queijo parmesão ralado + 1 ½ cc de páprica picante
1 ½ xícara de queijo minas meia cura ralado
3 ovos
¾ de xícara de creme de leite fresco
¾ de xícara de iogurte natural

Numa tigela misture muito bem os ovos inteiros, o creme e o iogurte. Acrescente o queijo ralado com a páprica.


Modo de fazer

Abra a massa diretamente na forma, faça furinhos em toda a sua extensão. Deposite o queijo minas ralado e despeje por cima a mistura de ovos com creme. Leve para assar por uns 40 minutos.



Salada de trigo com damasco

1 xícara de trigo para quibe
água fervente para hidratar

½ xícara de slasinha picada
½ xícara de coentro picado
½ xícara de cebolinha picada
1 xícara de queijo minas meia cura picado em cubinhos
1 xícara de damascos secos picados e escaldados
½ xícara de passas escuras escaldadas


Para o molho

3 colheres de sopa de iogurte natural
1 colher de sopa de mel
¾ de xícara de azeite
½ cc de sal
¼ de noz moscada ralada
Misture tudo muito bem e acrescente:

2 maças cortadas em cubinhos juntamente com meia xícara de suco de limão.

Junte tudo e sirva.
Fica simplesmente deliciosa.

Bolo de Chocolate de liquidificador

1 xícara de leite morno
3 ovos
4 colheres de sopa de margarina derretida
2 xícara de açúcar
1 xícara de chocolate em pó
2 xícaras de farinha de trigo
1 colher de sopa de fermento em pó.

Liquidificador e forno.

Para a Calda:

1 xícara de açúcar
3 colheres de sopa de maisena
3 colheres de sopa de chocolate em pó
1 xícara de água
1 pitada de sal
3 colheres de sopa de margarina
1 colher de chá de essência de baunilha

Misture tudo numa panela e leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Espalhe sobre o bolo já assado.


Estou tentando, sem sucesso, postar as imagens da aula ... enquanto não consigo tentem imaginá-las.

Bom apetite.

Conselhos a um jovem Chef


Estou lendo um lindo livro do grande chef Daniel Boulud, intitulado Conselhos a um jovem Chef, editado pela Anhembi Morumbi Editora.
O livro, escrito em forma de cartas, procura dar conta da árdua e encantadora carreira de chef. Nos fala dos principais atributos da profissão, das dificuldades e das maravilhas desta arte culinária. Tudo de forma bastante simples e tocante. Entremeadas de, não diria receitas mas sim indícios de receitas, a leitura das cartas nos abre o apetite e nos convida a pensar naquilo que comemos. São 14 cartas que procuram dar conta deste amplo universo chamado gastronomia e que se dividem da seguinte forma, Os mestres, O seu sentido do paladar, Ingredientes, e por aí vai. Alguns de seus pensamentos são verdadeiras pérolas. São frases que nos fazem ficar pensando dias e dias na mágica da culinária. Aí vai uma delas:

“Quando se é chef, o desejo é honrar seu passado transformando-o em memórias gastronômicas que possam ser servidas num grande restaurante”.

03 setembro, 2006

Encontro com Flô


Acabei de ler um livro muitíssimo especial – Encontro com Flô. Antes de falar dele, quero contar um pouco do meu encontro com este livro – já que ele tem também uma história. Quinta-feira passada, numa espécie de ato heróico, levei meus filhotes ao salão do livro infanto-juvenil do MAM. Digo heróico porque quinta não era, nem de longe, um bom dia para isto, pois eles entram na escola às 13 horas e só consegui chegar ao MAM às 11h30min, toda carregada de mochilas e lancheiras. Acontece que aquele seria o únicoo dia viável de levá-los ao salão, pois logo depois seria submetida a uma cirurgia que me deixaria fora de combate por, no mínimo, duas semanas. E quem me conhece sabe da importância que tem na minha vida esta relação especial com os livros, e o quanto ela já faz parte também da vida de meus filhos. Lá fomos nós e, como imaginava, amamos nosso programa. Após percorrermos todo o salão e as crianças escolherem seus livros, foi a minha vez, e resolvi que gostaria de me presentear com algum livro de uma nova editora de livros infanto-juvenis que tem feito bastante minha cabeça ultimamente – a Barco a Vapor. Claro que estava certa de que lá encontraria alguns tesouros novos para minha biblioteca – só não sabia que encontraria o livro que seria de vital importância para a recuperação da minha cirurgia – e quem já passou por alguma sabe que esta recuperação é tanto física quanto emocional. Eis que entra a hora de falar do lindo livro da Argentina Laura Escudero. Um livro lindo que fala de amor, de família, da importância das memórias, passoais e lidas. É uma linda releitura dos romances epistolares tão em voga nos séculos passados, que davam conta de verdadeiras sagas familiares a partir de escritos íntimos. O encontro entre mulheres de uma mesma família e a descoberta de suas raízes – no caso, entre neta e avó. Não bastasse esta linda história costurando o enredo do livro, algumas passagens foram verdadeiras prêmios para mim, uma vez que reforçaram algumas das principais questões que venho trabalhando internamente e que dizem respeito a minha vida pessoal. Vou citar apenas duas delas – uma linda passagem aonde a avó recorda a importância de um determinado livro teve em sua vida de menina As Aventuras de Huckleberry Finn–e de como as histórias lidas confundem-se com a vida vivida.
“...(...) Como deve imaginar, desde esse dia, todas as tardes nos reunimos para ler. Shimu se entusiasmou muito com Huckleberry, mas não o suficiente para ler sozinho. Já vamos para o capítulo VII e estamos pensando em fazer uma jangada. Na próxima carta conto o que aconteceu.
Meus mais sinceros carinhos,
A senhorita Flô”

E na última carta do livro, quando a avó recorda de um ritual que viveu, envolvendo o preparo de comidas.

“...(...)Batizei estes dias como os “mais maravilhoso”. (...) A senhora Tompsi e vovó começaram a me contar que durante aquele dia praparariam doce para o ano todo, enquanto os homens fariam lingüiças para conservar em barris de gordura.
Claro que me convidaram para participar das tarefas. Vesti um avental e tomei os devidos cuidados para não me queimar. (...) Depois me juntei a Carmela, uma das filhas deles. Enquanto transportávamos cestas, ela me contou que no dia anterior tinha lavado os marmelos, tirado a penugem cuidadosamente e o cabo. Também tinha tirado as sementes, que foram guardadas, mas em recipientes separados. Então me mostrou estranhos anéis de barro feitos no chão. “É ali que iremos cozinhá-los”, disse. (...) Até aquele momento havíamos trabalhado incansavelmente e sem perceber. Só tínhamos parado para comer ou para receber algum mate, que circulava ininterruptamente de mão em mão (perdão, certamente esta não é uma infusão refinada). (...) Quando terminamos, colocamos a mesa para jantar naquele mesmo lugar a céu aberto. Comemos, conversamos e depois... dançamos!, com a música de uma vitrola, colocada no meio de uma varanda.
Todos dançaram: crianças, adultos e velhos. Uns com os outros, sem diferenças. E foi uma grande festa. A melhor que já vi. E ninguém se arrumou, nem se perfumou especialmente para isso. Foi, como me tinham dito, uma celebração do trabalho. Este, irmã, é o espírito do lugar. O que tanto mê fascina. (...)”

É isso, a vida é uma eterna celebração, não só do trabalho, mas do amor, da união que faz a força. Alimentar as pessoas é amor em estado bruto. E é isso que eu quero para a minha vida.

Obrigada, Laura!
Obrigada mãe, pai, irmãos, marido, filhos, amo vocês!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E quando eu ficar boa farei um banquete.
Para celebrar a vida!!!