23 março, 2010

Callaloo

Ganhei Terras Baixas (de Joseph O’Neill, edição da Alfaguara) de presente de aniversário. Não conhecia o autor e nunca tinha ouvido falar nele. A sinopse, confesso, não era muito animadora, algo relacionado ao jogo de críquete que, outra confissão, pouco ou quase nada sabia do assunto e, tampouco, me interessava saber. Mas, presente é presente e livro é livro. Ou seja, eu o leria de qualquer maneira. E eis que fui duplamente presenteada – eu simplesmente amei o livro. Há muito tempo que não me envolvia assim com uma narrativa, que não saboreava a palavra escrita desta forma, tão intensamente. É claro que depois disto corri atrás de informações sobre o autor e resenhas sobre o livro que, conforme imaginei, vem colecionando elogios e prêmios por aí.
A outra coincidência interessante foi conectar este a mais dois livros dos mais intrigantes que li nos últimos tempo – todos ingleses (embora O’Neill esteja mais para um cidadão do mundo) e todos permeados pelos atentados terroristas característicos do mundo pós 11 de setembro. São dois livros que indico fortemente – o Extremamente Alto & Incrivelmente Perto, do Jonathan Safran Foer e Incendiário, de Chris Cleave.

Trecho do livro:

"Acontecia de Roy, como Chuck, ser de Trinidad. “Callaloo”, observou Vinay, distraidamente, e Roy e Chuck começaram a dar risadinhas, deliciados. “Você conhece callaloo?”, disse Roy. Virando para mim, ele comentou, “Callaloo é a folha do taro. Você não acha taro fácil por aqui”.
“Que tal o mercado na Flatbush com a Church?”, disse Chuck. “Lá você encontra.”
“Bom, pode ser”, concedeu Roy. “Mas se você não consegue a verdura de verdade, dá pra fazer com espinafre. Você põe no leite de coco: grelha bem fino a polpa do coco e espreme até sair o sumo. Depois acrescenta um pimentão vermelho inteiro – só vai ficar picante se você esmagar -, tomilho, cebolinha, alho, cebola. Normalmente agente
usa para temperar o siri-azul; tem gente que põe no escabeche de rabo de porco.
Você põe pra cozinhar e pega um mexedor de coquetel e mexe até a folha sumir num
molho grosso, tipo um molho de tomate. Esse é o jeito que agente fazia antes; hoje todo mundo joga no liquidificador. Usa no peixe ensopado – no para-terra, no carite: mmm-hmm. Também fica bom com inhame, batata-doce. Pastelzinho no vapor.”
Nota: Callaloo é uma receita típica de Trinidad & Tobago, feita como descrito acima. Mas o que achei realmente interessante foi aprender que a palavra callaloo possui também, outros significados - ela serve para nomear uma grande tragédia e para descrever o caráter multi-cultural de um país. Ou seja, o callaloo serve como a grande metáfora do romance.

Receita de Callaloo aqui.

07 março, 2010

Inspiração do dia!


Constelações Vegetais
Criado por Charlotte and Hadas, via Mieke Willems