03 setembro, 2006
Encontro com Flô
Acabei de ler um livro muitíssimo especial – Encontro com Flô. Antes de falar dele, quero contar um pouco do meu encontro com este livro – já que ele tem também uma história. Quinta-feira passada, numa espécie de ato heróico, levei meus filhotes ao salão do livro infanto-juvenil do MAM. Digo heróico porque quinta não era, nem de longe, um bom dia para isto, pois eles entram na escola às 13 horas e só consegui chegar ao MAM às 11h30min, toda carregada de mochilas e lancheiras. Acontece que aquele seria o únicoo dia viável de levá-los ao salão, pois logo depois seria submetida a uma cirurgia que me deixaria fora de combate por, no mínimo, duas semanas. E quem me conhece sabe da importância que tem na minha vida esta relação especial com os livros, e o quanto ela já faz parte também da vida de meus filhos. Lá fomos nós e, como imaginava, amamos nosso programa. Após percorrermos todo o salão e as crianças escolherem seus livros, foi a minha vez, e resolvi que gostaria de me presentear com algum livro de uma nova editora de livros infanto-juvenis que tem feito bastante minha cabeça ultimamente – a Barco a Vapor. Claro que estava certa de que lá encontraria alguns tesouros novos para minha biblioteca – só não sabia que encontraria o livro que seria de vital importância para a recuperação da minha cirurgia – e quem já passou por alguma sabe que esta recuperação é tanto física quanto emocional. Eis que entra a hora de falar do lindo livro da Argentina Laura Escudero. Um livro lindo que fala de amor, de família, da importância das memórias, passoais e lidas. É uma linda releitura dos romances epistolares tão em voga nos séculos passados, que davam conta de verdadeiras sagas familiares a partir de escritos íntimos. O encontro entre mulheres de uma mesma família e a descoberta de suas raízes – no caso, entre neta e avó. Não bastasse esta linda história costurando o enredo do livro, algumas passagens foram verdadeiras prêmios para mim, uma vez que reforçaram algumas das principais questões que venho trabalhando internamente e que dizem respeito a minha vida pessoal. Vou citar apenas duas delas – uma linda passagem aonde a avó recorda a importância de um determinado livro teve em sua vida de menina As Aventuras de Huckleberry Finn–e de como as histórias lidas confundem-se com a vida vivida.
“...(...) Como deve imaginar, desde esse dia, todas as tardes nos reunimos para ler. Shimu se entusiasmou muito com Huckleberry, mas não o suficiente para ler sozinho. Já vamos para o capítulo VII e estamos pensando em fazer uma jangada. Na próxima carta conto o que aconteceu.
Meus mais sinceros carinhos,
A senhorita Flô”
E na última carta do livro, quando a avó recorda de um ritual que viveu, envolvendo o preparo de comidas.
“...(...)Batizei estes dias como os “mais maravilhoso”. (...) A senhora Tompsi e vovó começaram a me contar que durante aquele dia praparariam doce para o ano todo, enquanto os homens fariam lingüiças para conservar em barris de gordura.
Claro que me convidaram para participar das tarefas. Vesti um avental e tomei os devidos cuidados para não me queimar. (...) Depois me juntei a Carmela, uma das filhas deles. Enquanto transportávamos cestas, ela me contou que no dia anterior tinha lavado os marmelos, tirado a penugem cuidadosamente e o cabo. Também tinha tirado as sementes, que foram guardadas, mas em recipientes separados. Então me mostrou estranhos anéis de barro feitos no chão. “É ali que iremos cozinhá-los”, disse. (...) Até aquele momento havíamos trabalhado incansavelmente e sem perceber. Só tínhamos parado para comer ou para receber algum mate, que circulava ininterruptamente de mão em mão (perdão, certamente esta não é uma infusão refinada). (...) Quando terminamos, colocamos a mesa para jantar naquele mesmo lugar a céu aberto. Comemos, conversamos e depois... dançamos!, com a música de uma vitrola, colocada no meio de uma varanda.
Todos dançaram: crianças, adultos e velhos. Uns com os outros, sem diferenças. E foi uma grande festa. A melhor que já vi. E ninguém se arrumou, nem se perfumou especialmente para isso. Foi, como me tinham dito, uma celebração do trabalho. Este, irmã, é o espírito do lugar. O que tanto mê fascina. (...)”
É isso, a vida é uma eterna celebração, não só do trabalho, mas do amor, da união que faz a força. Alimentar as pessoas é amor em estado bruto. E é isso que eu quero para a minha vida.
Obrigada, Laura!
Obrigada mãe, pai, irmãos, marido, filhos, amo vocês!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E quando eu ficar boa farei um banquete.
Para celebrar a vida!!!
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2 comentários:
Eu adorei seu comentario espero que me ajude na prova que vou fazer dele no meu colégio
mui to obrigado tambem gostei muito do livro.
Esse livro ,foi um dos melhores que já pudi ler . Maravilhoso . Me simpatizei demais com a Julieta e Sinhorita flô . Cheios de detalhes e delicadezas , Lindo demais esta História .Jamais irei esquece-lo .
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