29 agosto, 2007

Uma homenagem às varinas de Lisboa



(...)

Vazam-se os arsenais e as oficinas,

Reluz, viscoso, o rio; apressam-se as obreiras;

E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,

Correndo com firmeza, assomam as varinas.


Vêm sacudindo as ancas opulentas!

Seus troncos varonis recordam-me pilastras;

E algumas, à cabeça, embalam nas canastras

Os filhos que depois naufragam nas tormentas.


Descalças! Nas descargas de carvão,

Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;

E apinham-se num bairro aonde miam gatas,

E o peixe podre gera os focos de infecção!

(...)


In: O sentimento dum ocidental, Cesário Verde.

Um comentário:

Triste de q uem é feliz! Vive porque a vida dura. disse...

Olá!! Sou uma apaixanada da língua e da cultura portuguesa.
Estou a trabalhar com o fado "Maria Lisboa", de David Mourão-Ferreira, para uma oficina de Música e Palavras. O intuito da oficina é, além de fazer conhecer e desfrutar do fado, é indagar sobre questões socioculturais de Portugal, e especialmente de Lisboa. Qual é o nome do Poema de Cesário Verde, da sua postagem?
desde já obrigada pela sua atenção