Marinetti, o grande arauto do Futurismo, é sempre lembrado como o autor que deu início, em 1909, a Era dos Manifestos. Apelidado de "Cafeína da Europa", Marinetti incitou seus contemporâneos a mostrarem "coragem, audácia e revolta", a queimarem museus, queimarem as gôndolas venezianas e por aí vai... Este capítulo da história da arte todos conhecem. O que talvez nem todos saibam é que o programa de reconstrução total de Marinetti passava também pela culinária. Em 1932 Marinetti publicou um livro de culinária - La Cucina Futurista, onde pregava uma renovação total dos hábitos alimentares dos italianos, inclusive sugerindo a abolição integral do macarrão, segundo o autor, dieta responsável pelos sentimentos de pessimismo e nostalgia dos italianos. Mas a revolução não para por aí. O que me soou mais interessante foi a proposta de incorporação das sensações à mesa, sensações de velocidade, barulhos, prazeres táteis, etc. Bem como às combinações completamente novas e inusitadas, como um molho de chocolate com pistache, pimenta vermelha e água-de-colônia.
Eis um pequeno trecho de um dos cardápios elaborado por Marinetti:
- ganso gordo
- sorvete na lua
- lágrimas do deus "gravi"
- caldo de rosas e sol
- favorito do mediterrâneo zig,zug,zag
- cordeiro assado em molho de leão
- saladinha do alvorecer
- sangue de Baco "tierra ricasoli"
- corações oportunistas de alcachofra
- chuva de fios açucarados
- espuma hilariante "cinzano"
- fruta colhida no jardim de Eva
- café e licores
Um comentário:
Super interessante. Adorei mesmo. Beijos!
Postar um comentário